Você já conheceu um drogado?
Não, não estou falando do seu amigo da escola que fuma baseado ou da colega de
trabalho que usa êxtase na balada. Estou me referindo àquele cara que já torrou
toda a grana que tinha, roubou o dinheiro da família e vendeu até as lâmpadas
de casa para alimentar o vício.
Eu
conheci alguém assim. Não consigo recordar o nome real dele, mas eu sei que
antes o chamavam de “Crânio”. Também lembro que ele era viciado em crack.
Quando ele aceitou a Cristo em um dos cultos, todos nós sabíamos o que ele
teria que enfrentar. Sua luta contra as drogas foi muito dramática: alguns
meses firme e então ele sumia por semanas, e voltava destroçado pelo vício.
Eu
lembro bem de como minha igreja local investia na vida daquele jovem e de como
ele se esforçava. Meu primo estava discipulando o Crânio constantemente e
muitos estavam orando por ele. Podíamos vê-lo em todos os cultos, reuniões de
oração e pequenos grupos. Ele estava orando, lendo a Escritura, lutando contra
o pecado e amando a Jesus. Por que ele não conseguia vencer seu vício? Será que
Jesus não possuía poder para libertá-lo?
Sim,
Jesus possuía. No entanto, existia algo que estava impedindo que aquele rapaz
estivesse livre das drogas. O fato é que ele morava a exatos dois quarteirões
de um local onde vendiam crack. Se a tentação surgisse, tudo o que ele
precisava fazer era andar por alguns segundos e voilá!, desejo satisfeito. O pecado morava ao lado,
literalmente.
Devido a
alguns fatores, acabei mudando de congregação e perdi contato com ele, até que,
alguns anos depois, encontrei Crânio em uma parada de ônibus. Ele estava mais
corado, gordinho e feliz. Ele estava completamente livre das drogas! Quer saber
como? Ele simplesmente mudou de casa. Eu não tenho mais qualquer contato com
ele e nem sei sobre a sua atual condição espiritual, mas sei que ele estava
limpo, e tudo o que fez foi trocar de casa.
Essa
história me faz pensar bastante sobre nossa luta contra o pecado. Sabemos que
vivemos em uma batalha contra principados e potestades, no mundo espiritual,
que a guerra contra nossa própria carne e contra o mundo é vencida pelo poder
do Espírito Santo e que nosso braço de carne nunca será forte o bastante para
nos livrar do mal. Vencer o pecado não é um pequeno joguete, dependente de
meras técnicas ou de pequenos concertos comportamentais. Nossa luta vai ao
âmago da espiritualidade e de nosso amor por Jesus.
Porém,
todavia, contudo, entretanto… precisamos considerar que existe um aspecto mais
“humano” desta batalha. O problema do Crânio não era pouca leitura bíblica ou
pouca oração, mas uma casa mal localizada. Muitas vezes, apesar de vivermos
vidas firmes de oração e leitura bíblica, estamos sempre fracassando em nossa
batalha contra a pornografia e a masturbação. Por que isso? Muitas são as
possíveis respostas, e uma delas é que podemos estar “morando no bairro
errado”.